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«A que tipo de experiência remete a experiência do diferente em si, do insensível para além do sensível? A experiência tem que vir de um campo em que se dá o diferente em si. Como definir esse campo? Não pode ser o campo da experiência empírica porque nesse se dá o sensível. Trata-se de determinar como pensar, ou o que de direito deve ser pensado. Ou melhor: é preciso determinar as condições de possibilidade do pensamento do concreto singular, do diferente em si.Trata-se, pois, de um campo transcendental. A crítica da noção kantiana de "transcendental"— copiado do empírico — leva Deleuze a definir o campo transcendental de maneira totalmente diferente: ele estabelece as condições não da experiência possível, mas da experiência real. 0 que é a experiência real? É a experimentação: a experimentação artística aproxima-se talvez dessa ideia. Em todo o caso, assim surge um primeiro grande traço da filosofia deleuzi-ana: é uma filosofia transcendental, mas que vai buscar ao empírico — o empírico da experimentação, para além do empírico que tradicionalmente define a experiência sensível — os requisitos para a determinação do seu campo transcendental. Por isso Deleuze chamou à sua filosofia um "empirismo transcendental".»
Da Introdução