Estorvo

Vencedor do Prémio Camões; Prémio Jabuti

Uma das mais sólidas obras da literatura brasileira dos últimos tempos, e um livro de grande sucesso em Portugal.

Narrativa simultaneamente poética e alucinante, Estorvo constitui uma grande metáfora do Brasil e porventura do mundo contemporâneo.

O nosso narrador dorme quando a campainha toca e lhe interrompe o sono. Espreita pelo olho mágico e não reconhece quem vê: um homem de fato e gravata procura por si. A campainha insiste, o olho mágico distorce o rosto do outro lado da porta. E isto é o que basta para o narrador fugir de casa e cair numa espiral obsessiva, uma viagem de regresso a lugares esquecidos, de reencontros e recordações estranhamente familiares, uma odisseia que acaba por ser um exílio dentro de si mesmo. Estorvo, primeiro romance de Chico Buarque, é um texto notável, que se mantém constantemente no limite entre o sonho e a vigília, entre a realidade e a alucinação. E o olho mágico que separa os dois homens talvez seja a melhor metáfora da visão deformada com que o narrador, e o leitor com ele, olha o mundo que lhe é tão familiar e ao mesmo tempo tão distante. E talvez uma metáfora do mundo em que vivemos, em que é tão fácil sentirmo-nos sós.

Críticas de Imprensa:

«Estorvo é, quanto a mim, uma peregrinação alucinada em demanda das raízes perdidas, através dum percurso existencial povoado de assombro e de solidão.»
José Cardoso Pires, Folha de S. Paulo