O Lendário "Homem da Maça" e A Origem do Topónimo de Matosinhos

Do Prefácio:
Álvaro Curado e Melo

Quando João Martins me convidou a escrever este prefácio. entregando-me o seu trabalho para leitura. senti-me, confesso, mergulhado num misto de angústia e entusiasmo. Estava, há muito, a par da respetiva elaboração (tão cheia de pausas e algumas delas, acredito, dolorosas) e, como é óbvio, na ciência do seu escopo ou da ideia, quase diria, da Weltanschauung, a ele subjacente.

Claro que o otimismo prevaleceu, dominou, fortalecido por determinado fatores tonificantes, dentre os quais é justo salientar o fato de o autor, ao criticar os catedráticos, não falar enfatuadamente ex-cathedra; não dizer: É assim! Foi isto!; antes procurar, com o direito que a sua argumentação lhe confere, conduzir o leitor vulgar ou o estudioso a ponderar entre o pouco, o pouquíssimo, que se julga saber e o imenso que, votado ao ostracismo académico, tem passado forçosamente despercebido. E lançado, aqui e além, algumas sementes antidogmáticas (não me repugna admitir que; estou em crer que; proponho-lhes que dirijam atenção para), que espero germinem no latifúndio bravio do dogma.

Sublinhe-se, desde já, que não se trata, no estudo presente, de uma mera achega (embora importante, a meu ver) para a solução de um enigma de caráter toponímico; mas de uma porta aberta a sondagens igualmente abertas ou despidas de preconceitos atávicos, em todos os terrenos possíveis e a prosseguirem porventura  no tão misterioso Noroeste português-

Realmente e, se o objetivo final fosse tão só descobrir o verdadeiro significado do nome Matosinhos, a investigação (quanto a mim no caminho cero) acabaria de qualquer modo por encontrar-se a si própria, fechando o círculo.