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Os Desertores é a segunda obra de Augusto Abelaira, publicada em 1960, dois anos depois de A Cidade das Flores.
Em «Os Desertores, Abelaira mostra-nos as vidas e aventuras de um grupo de jovens amigos que entre as preocupações quotidianas e a inquietação da procura da felicidade e do amor acabam por desertar, isto é, por se render à rotina, desistir das suas expectativas iniciais ou conformar-se com o "status quo".
Mais do que uma descrição racional das ações e das personagens, o que Abelaira busca é mostrar o mundo como é sentido por uma classe jovem, lisboeta e burguesa que perdeu a esperança trazida pelo pós-guerra. É uma classe que deserta da intervenção pública e justifica a sua inação com a de todos os outros, mas nunca deixa de procurar realizar o desejo de pleno e de futuro, próprio da juventude. Como referiu Óscar Lopes, o que Abelaira faz «de melhor [...] foi sempre representar, uma vez e outra vez, o momento em que fomos jovens e namorados. O desejo de juventude, evidenciado pela atração de Berenice por César, ou de cortar as amarras do passado e de renascer para uma vida nova, como Ramiro tenta em Itália, mostram-se em tensão com a vida em Lisboa, condicionada pelo imobilismo, pela família e pela censura.
Autor:
Augusto José de Freitas Abelaira, nasceu em Coimbra a 18 de março de 1926 e faleceu Lisboa, 4 de julho de 2003. Foi um professor, romancista, dramaturgo, tradutor e jornalista português
Abelaira participou ativamente na luta contra o regime de Salazar, integrando-se em movimentos estudantis de oposição, participando ativamente na distribuição de panfletos.
Estreou-se como autor de romances no fim da década de 1950 com o romance A cidade das flores (1959), um retrato das perplexidades da juventude do seu tempo em relação ao totalitarismo de Salazar, deslocando a trama para a Itália a fim de não ser preso pela PIDE.
Foi colaborador da revista Almanaque (1959-61), publicação com redação coordenada por José Cardoso Pires e grafismo de Sebastião Rodrigues, onde colaboraram, entre outros, Luís de Sttau Monteiro, Alexandre O'Neill e João Abel Manta e colaborou igualmente no Jornal do Caso República (1975) de Raul Rêgo.
Foi detido em 1965 por ter atribuído, como presidente do júri, o Grande Prémio da Novelística da Sociedade Portuguesa de Escritores ao angolano José Luandino Vieira (também preso no Tarrafal), pelo seu livro de contos, Luanda.
A 9 de junho de 1997, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada
Outras Obras do Autor:
A Cidade das Flores (romance), 1959;
Os Desertores (romance), 1960;
A Palavra é de Oiro (teatro), 1961;
O Nariz de Cleópatra (teatro), 1962;
As Boas Intenções (romance), 1963;
Enseada Amena (romance), 1966;
Bolor (romance), 1968;
Ode (quase) Marítima, (monólogo), com desenhos de Maria Keil, 1968;
Quatro Paredes Nuas (contos), 1972;
Sem Tecto, Entre Ruínas (romance), 1979[7];
«Olfacto, in Poética dos Cinco Sentidos: La Dame à la Licorne, 1979;
Anfitrião, Outra Vez (teatro), 1980;
O Triunfo da Morte (romance), 1981[8];
O Bosque Harmonioso (romance), 1982;
O Único Animal que... (romance), 1985;
Deste Modo ou Daquele (romance), 1990;
Outrora, Agora (romance), 1996;
Nem Só Mas Também (romance) [póstumo], 2004;
Titulo: Os Desertores
Autor: Augusto Abelaira
Editora: Livraria Bertrand
Páginas: 235