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Numa aldeia do Alentejo, com um pano de fundo de uma severa pobreza, o autor vai tecendo histórias de homens e mulheres, endurecidos pela fome e pelo trabalho, de amor, ciúme e violência: o pastor taciturno que vê o seu mundo desmoronar-se quando o diabo lhe conta que a mulher o engana; o velho e sábio Gabriel, confidente e conselheiro; os gémeos siameses Elias e Moisés, cuja terna comunhão se degrada no momento em que um deles se apaixona; ou o próprio Diabo. As suas personagens são universais, assim como a sua esperança face à dificuldade. «... a partir da segunda ou terceira sequência ficamos seguros de que a inclinação é fatal: vamos embater num limite, num muro, num enigma, na origem do mundo e no desastre final...»
Imediatamente após a sua primeira edição, Nenhum Olhar teve um imenso impacto no meio literário português. Com unânimes elogios da crítica e uma entusiástica receção do público, foi mencionado nos principais prémios literários da época, tendo acabado por vencer o Prémio Literário José Saramago, em 2001, contribuindo assim para o próprio prestígio do galardão.
Hoje, após mais de vinte edições em Portugal, traduzido para quase trinta idiomas, estudado em universidades de diversos continentes, Nenhum Olhar é reconhecido como uma das obras essenciais do início do século XXI português.
CRÍTICAS
«Um romance que cativa imediatamente pela força das imagens, pela elegância do ritmo da frase, pela densidade dos percursos reflexivos que somos levados a percorrer com o narrador (por vezes configurado em narradora) em torno de homens e mulheres que habitam o espaço rural português. O equilíbrio temático, a maturidade filosófica das sugestões reflexivas, o cativante ritmo da prosa, a beleza imagística da escrita são elementos inquestionáveis deste romance. Mas não se pense que Nenhum Olhar é uma obra destinada a um leitor modelo, carregado de erudições ou trejeitos intelectuais. Nada disso. Este é um livro que atravessa todas as camadas de público. É inteligente sem ser ostensivo, é culto sem ser pretensioso, é belo sem ser narcísico.»
António Frias Martins (na entrega do Prémio Literário José Saramago)
«José Luís Peixoto tem essa qualidade notável: bastam duas linhas, e entramos num continente novo, num lugar inédito do espaço literário. Depois, resta saber até que ponto isto vai ser possível sustentar-se ou desenvolver-se. E neste romance o leitor pode estar certo de que a partir da segunda ou terceira sequência ficamos seguros de que a inclinação é fatal: vamos embater num limite, num muro, num enigma, na origem do mundo e no desastre final, num empolgamento incontrolável dos seres, das palavras, dos sinais, das paisagens, das situações, numa altíssima conjura de que não poderemos escapar.»
Eduardo Prado Coelho
«O fantástico é contado com a naturalidade do quotidiano. A crónica e a fábula sobrepõem-se, como as histórias que contam ou presenciam ou calam as personagens de William Faulkner ou de Juan Rulfo.»
António Muñoz Molina
«Um valor seguro da literatura portuguesa, com grande sentido de linguagem poética e grande domínio da língua portuguesa.»
Manuel Vázquez Montalbán
Tem carimbo no interior.