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“Portugal é um país de pretendentes e de ministros.
Começa-se por pretender qualquer coisa e acaba-se por pretender qualquer pasta.
E às vezes, tendo-se a pasta, o nosso vício de pretender vai até desejar-se qualquer pasta.
No meio de tudo isto, o que é deveras gracioso é que todos pretendem com a mira em melhoria de posição, acabando por ficar arruinados.
O pretendente ou obtém o que pretende ou não obtém. Se obtém o lugar, a colocação não pode suprir-lhe as despesas que fez pretendendo, do que resulta um deficit insanável; se não obtém, o resultado é quase igual: fica empenhado para toda a vida.
O ministro, que tanto trabalhou para o ser, sai dos conselhos da Coroa endividado, hipotecado, falido.
E não obstante, quando o pretendente parte da sua aldeia, todos lá ficam dizendo: daquele ninguém tenha pena; ele lá se vai arranjar!
E quando o ministro larga o poder, grita toda a gente, proclamam os jornais da oposição, os amigos dizem à boca pequena: aquele está arranjado!
Nenhum deles tem vintém.
E todavia o país inteiro continua a pretender, apesar da lição da experiência, desta terrível lição de todos os dias.”
(…)
Capa dura - encadernação de luxo