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Numa das suas inúmeras viagens ao Afeganistão, a autora encontrou Shirin-Gol num campo de refugiados e sentiu-se espontaneamente cativada pela força irradiada por esta mulher. Shirin-Gol nasceu numa aldeia perdida na montanha. A sua vida foi ditada por tradições seculares. O seu nome significa Doce Flor.
Cresceu na pobreza, na fé do Corão e dentro dos estreitos limites da imagem islâmica da mulher. Shirin-Gol era ainda uma menina quando os russos invadiram o Afeganistão. O pai e os irmãos foram para a montanha, juntar-se à resistência dos mujahedin. As irmãs infringiram as regras, tirando os véus e seduzindo os soldados russos, mas apenas para os assassinar. Quando a sua aldeia foi destruída, as mulheres fugiram para Cabul.
Na capital, Shirin-Gol foi obrigada a frequentar a escola russa, da qual começou por ter medo, até perceber como a instrução e a educação podiam transformar a sua vida. Foi nos anos de juventude que adquiriu força interior para suportar tudo o que a esperava: o casamento com um homem a quem é dada para saldar dívidas de jogo. As infindáveis perseguições e violações. E por fim a fuga ao regime talibã.
A história de Shirin-Gol é um relato tão comovente como fiel da vida de uma mulher no Afeganistão. Uma vida permanentemente em fuga.
Páginas amareladas devido ao tempo.