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Amor no Cosmos é a versão portuguesa de The Lovers, de Philip José Farmer - a primeira obra desse autor e desde logo uma das mais importantes em todos os tempos, na ficção-científica.
Curiosamente, The Lovers viu a sua publicação duas vezes recusada, primeiro da Astounding, por John W. Campbell, que não gostou da novidade do tom e pelo aparecimento pela primeira vez - do problema da sexualidade entre seres de natureza diferente, e depois por H.L.Gold, na Galaxy, mas por razões diferentes - por apresentar um mundo futuro em que as "Repúblicas Israelitas" figuravam entre as principais potências do planeta, e a religião oficial fora fundada por um meio judeu, na realidade por um ser desprezível. Por fim, Samuel Mines publicou-a em Startling Stories, numa forma muito condensada.
O mundo descrito por Philip José Farmer em The Lovers é o mesmo que serviu de cenário a The Day of Timestop, publicado na Colecção Argonauta sob o título O Dia em que o Tempo Parou, com o nº283. No entanto, a acção é completamente distinta - e surpreendente. A tese de The Lovers pode resumir-se numa frase: "Nem tudo o que parece é...". Na Terra... e no Cosmos.
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"Tenho de sair daqui" - ouviu Hal Yarrow alguém dizer, a grande distância. - Deve haver uma saída.
Despertou assustado e compreendeu que fora ele que estivera a falar. Além disso, o que dissera quando estava a dormir não tinha qualquer ligação com o sonho. As palavras que dissera meio acordado e o que sonhara eram duas coisas distintas.
Mas o que quisera ele dizer com aquelas palavras murmuradas? E onde estivera ele? Viajara de facto no tempo ou tivera um sonho subjectivo? Um sonho tão vivo que tinha dificuldade em voltar àquele nível do mundo.
Um olhar para o homem que estava a seu lado aclarou-lhe o espírito. Estava no astrocarro que seguia para Sigmen City, no ano 550 A.S. (ou 3050 da Era de Cristo, para falar à moda antiga, recordou o seu espírito escolar). Não estava como na viagem temporal? Sonho? Num planeta estranho a muitos anos-luz dali e a muitos anos daquele dia. Nem ia ver-se face a face com o glorioso Isaac Sigmen, o Precursor, real fosse o seu nome.
O homem que estava a seu lado olhou de soslaio para ele. Era um tipo magro com as maçãs do rosto salientes, cabelos negros lisos, que tinha uma ligeira dobra mongolóide nas pálpebras. Estava vestido com o uniforme azul-claro da classe de engenharia e sobre o peito esquerdo ostentava um emblema de alumínio que indicava que ele se encontrava no escalão superior. Provavelmente era um engenheiro de electrónica diplomado por uma das melhores escolas profissionais.
O homem pigarreou e disse em americano:
- Mil perdões, "abba". Sei que não lhe devia falar sem a sua autorização. Mas disse-me qualquer coisa quando despertou. E como está nesta cabina, equacionou-se temporalmente. Estava ansioso por lhe fazer uma pergunta. Não é por acaso que me chamo Nosy Sam.
Riu-se nervosamente e acrescentou:
- Não pude deixar de ouvir o que disse à hospedeira quando ela pôs em causa o seu direito de se sentar aqui. Ouvi mal ou disse-lhe na verdade que ela era uma "goat"... uma cabra?
Disponíveis: 289, 290, 291, 309, 318, 340, 341, 383, 397, 410, 431