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Carlos Drummond de Andrade - Prémio Jabuti 1968
Edição Brasileira
Com assinatura de posse
Publicado originalmente em 1951, "Claro enigma" é um marco na poesia de Carlos Drummond de Andrade. O livro faz reflexões sobre os segredos do coração humano e do fazer poético e tem poemas famosos como "Memória" e "Amar".
"(...)
O TEMA DA DISSOLUÇÃO
O poema de abertura de Claro enigma põe tudo o que vem pela frente sob o signo da escuridão que cai, do apagamento formas e, com elas, da vontade de agir no mundo. "Escurece", diz o primeiro verso de "Dissolução", soando uma nota que ecoará várias vezes ao longo de todo o livro, até a "treva” cai do "Relógio do Rosário"; o sujeito do poema inaugural não acende "sequer uma lâmpada", não destaca a própria "pele/ da confluente escuridão", antes a aceita, de "braços cruzados" gesto que prenuncia as "mãos pensas" do protagonista de "A máquina do mundo". A luz mortiça faz vibrar essa mesma nota dissolvente nos poemas seguintes: "nada resta" e tudo "se evapora" em "Remissão"; em "Legado", a "noite do sem-fim” não consente nenhuma "voz matinal"; e à "meia-luz" de "Confissão" empilham-se não os "tesouros", mas as partículas negativas "não", "nem", "sem".
(...)"
Samuel Titan Jr., "Um poeta do mundo terreno"