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O solo comum de onde brotou o pensamento de MARX E FREUD é, em última análise, o conceito de humanismo e de humanidade que, remontando à tradição judaico-cristă e greco-romana, ingressou na história europeia com a Renascença e desdobrou-se plenamente nos séculos XVIII e XIX: a realização do homem total, considerado como a possibilidade máxima do desenvolvimento natural.
A defesa que FREUD faz dos direitos dos impulsos naturais do homem, contra a força da convenção social bem como seu ideal de que a razão controle e contenha esses impulsos, é parte da tradição do humanismo. O protesto de MARX contra uma ordem social na qual o homem é alijado pela sua subserviência à economia, e seu ideal de plena realização do homem total e inalienado, é parte da mesma tradição humanista.
A visão de FREUD foi limitada pela sua filosofia mecanicista e materialista, que interpretava as necessidades da natureza humana como essencialmente sexual. A visão de MARX era muito mais ampla, precisamente porque via o efeito pernicioso da sociedade de classes, e pode assim ter uma visão do que seria o homem sem peias e as possibilidades de seu desenvolvimento, quando a sociedade se tornasse totalmente humana,
FREUD foi um reformador liberal. MARX um revolucionário radical. Embora diferentes, eles têm em comum um desejo incondicional de libertar o homem, uma fé igualmente incondicional na verdade como instrumento dessa libertação e a convicção de que a condição disso está na capacidade do homem romper as cadeias da ilusão.