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Havia ali jornais expostos numa banca e então li, já não me recordo das palavras exactas «0 presidente do Conselho português, doutor Oliveira Salazar, gravemente doente.»
Durante anos procurei imaginar este dia, adivinhar todas as reacções, as minhas e as dos outros, mas a notícia agora não me causava nem sombra de emoção. Sim, toda a minha vida sonhara com aquele momento, mas hoje.….. Como o brinquedo, depois de ganho perde o interesse. Li a notícia, quase indiferente, emocionado apenas por não sentir emoção.
Ou isto: com o desaparecimento de Salazar era uma época da minha vida que morria. Compreendes? Afinal o Salazar fizera parte da minha vida, da infância, da adolescência, da minha maturidade... Um ponto de referência permanente, já um pouco de mim, algo que nunca poderia ser dissociado, quem sabe?, dos mais belos anos da minha vida! O tempo perdido, o que não volta! Era eu, o tempo do entusiasmo, do MUD Juvenil. Dolorosamente, mas vivo.