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Quando Cas rogou aquela praga a Matthies por não a querer levar com ele a patinar, nunca pensou que funcionasse. E agora sente-se profundamente culpada: porque o gelo estava demasiado quebradiço e um acidente levou para sempre o seu irmão mais velho. Contudo, além da culpa insuportável que, como o seu casaco apertado até ao queixo, não mais a deixará, Cas verá a dor abater-se de forma implacável sobre os pais, um casal profundamente conservador e devoto que quer acreditar que Deus chamou Matthies para junto dele, mas que não consegue, mesmo assim, deixar de ficar paralisado pelo desgosto, sem se aperceber de que os outros filhos - Cas, Hanna e Obbe - se vão afastando lentamente da família para encontrar, no abandono a que foram votados, estratégias que lhes permitam lidar com a tragédia e sobreviver ao luto, mesmo que isso implique muitas vezes violência e desassossego.
Tendo como pano de fundo a zona rural dos Países Baixos, de onde a autora é originária, este é um romance de estreia absolutamente invulgar pela sua maturidade. Inspirado num episódio autobiográfico, O Desassossego da Noite, descrito como a «evocação terna e visceral de uma infância presa entre a vergonha e a salvação» pelo presidente do júri do Man Booker International Prize, que lhe foi atribuído, revela «talento e habilidade eletrizantes» e «ganha força» a cada nova leitura, sendo por isso «um vencedor profundamente merecedor».
Lido apenas uma vez.