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Aos vinte e sete anos, Passarinho ainda não perdeu a alcunha de infância e passa os dias a sonhar com uma viagem de aventuras pelo continente africano, mas depois de casado e com um trabalho estável que o sogro lhe arranjara como professor de inglês numa escola particular, parece ver as raízes cravarem-se cada vez mais fundo. É então que nasce o seu primeiro filho: com metade do cérebro fora do crânio e uma esperança de vida que pode não passar de dias. O primeiro impulso é fugir. Com uma garrafa de Johnnie Walker em punho, toca à campainha de Himiko, sua antiga colega de faculdade, e procura abrigo no passado, enquanto no hospital se define o seu futuro. Escrita em 1964, esta é provavelmente a mais pessoal das obras de Kenzaburo Oe e um dos seus mais importantes romances, anunciando já então a originalidade e a força poética que lhe mereceriam trinta anos mais tarde, em 1994, a atribuição do Prémio Nobel da Literatura.