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Uma obra de referência para todos quantos desejem encontrar pela via do estudo e da reflexão pistas para a superação das situações perturbadoras da aula e da eficácia do seu esforço diário. Optando por uma leitura pedagógica da indisciplina, a autora, não negligenciando as causas remotas da indisciplina escolar (de carácter bio-psicológico e/ou social), ilumina com particular ênfase as causas próximas que fazem desencadear os comportamentos indisciplinados. Causas próximas que situa em factores integrantes das situações pedagógicas. Não culpabiliza o professor nem desculpabiliza o aluno. Propõe ao professor uma análise objectiva das situações pedagógicas que o habilite a prevenir a indisciplina na aula.
Indisciplina e relação pedagógica
«Ligando-se directamente à autoridade do professor, os fenómenos de disciplina e indisciplina na aula remetem directamente para o campo da relação pedagógica de que constituem aspectos relevantes.» p.33
«Por isso, a compreensão dos fenómenos de (in)disciplina não se pode desligar da relação triangular professor-aluno-saber, relação que tantos autores têm sublinhado, e das variáveis políticas, sociológicas, psicológicas, pedagógicas que a influenciam. Sem a construção de uma relação positiva com o saber, a relação pedagógica perde muito da sua razão de ser, ficando relegada para o plano de uma afectividade difusa, positiva ou negativa. E, numa época em que caminhamos abertamente para uma sociedade de informação, de livre acesso ao saber, o desafio da escola joga-se na capacidade de redefinição de uma relação com o saber, que não acentue as desigualdades sociais, através de novas formas relacionais que essa construção inevitavelmente gerará. Caso contrário, correremos o risco de a escola se transformar numa mera instância de socialização concorrente com outras instâncias exteriores à escola, mas que não potencializará a mobilidade social que ela é suposta promover. Sem esta reconstrução dos laços do aluno com o saber, as escolas, como escreve Rochex (2001, o.347), ficariam reduzidas "a estabelecimentos onde se visaria socializar e consolar os pobres (Goffman, 1989) mais do que fornecer-lhes os instrumentos intelectuais da sua emancipação, onde se tentaria responder a uma ausência ou perda do sentido das aprendizagens e dos seus conteúdos pela promoção ou desenvolvimento de uma sociabilidade e de uma conviviabilidade sem objecto.".» p. 77