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Se é verdade que existem crianças desde que existe a humanidade, e se o primeiro homem ou a primeira mulher foi, antes de o ser, uma menina ou um rapaz – ainda que toda a tradição mitológica, desde Adão e Eva, consagre a figura do homem ou da mulher adultos como pai e mãe da humanidade – é igualmente verdade que a maneira como as crianças são vistas na sociedade, os seus modos de pertença social e as políticas e orientações que lhes são consagradas, bem como os procedimentos dos adultos para com elas, variam ao longo da história.
Todas as sociedades se ocupam de um modo ou de outro das suas crianças e, no interior das sociedades, há modos diferenciados de considerar e actuar com os seus membros mais jovens. A infância, enquanto categoria social definida por limites etários, tem em si mesma, deste modo, traços de intemporalidade e traços de variação sincrónica: é, simultaneamente, una, por incorporar a totalidade de uma geração, e vária, por nela coexistirem vários estatutos e papéis sociais.(…)” (Manuel Jacinto Sarmento, Nota Introdutória)