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Em A Viagem de Mozart a Praga, Mörike evoca a figura deste génio da música abrindo à personagem possibilidades lúdicas que ela raramente teve na vida real.
No seu conjunto a obra é alegre, tendo o tema sido inventado, embora a figura humana seja verdadeira.
Apenas um dia na vida de Mozart nos é descrito, mas com olhares retrospectivos para factos passados e futuros. Tudo isto é-nos narrado à volta daquele pequeno incidente que nos conta como o músico forasteiro se perde no jardim de um palácio e de como, sem pedir licença, colhe uma laranja de uma árvore. Mas, assim como o músico não é um vagabundo qualquer, também a laranjeira é uma árvore especial, destinada a uma festa de noivado.
Desta forma este festejo é transformado, por Mozart, na festa das festas e um fragmento da obra de D. Giovanni é tocado, perante um público, pela primeira vez.
Mörike, nesta obra, consegue captar a índole e o destino de Mozart numa mesma imagem, no esboço de um único dia, e apresentá-los juntamente com o jogo, a arte, a distracção e a vida na sociedade, a alegria e pressentimento de morte, as barreiras sociais e o vencer dessas mesmas barreiras através da arte, e tudo isto de uma forma genial.