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«A amizade é a única relação afectiva incompatível com a ambivalência. Já vimos que, no enamoramento, podemos odiar a pessoa amada. Podemos ser ambivalentes em relação aos nossos pais ou aos nossos filhos. Não podemos, ao contrário, ser ambivalentes em relação aos amigos. Se no-lo tornarmos, a amizade sofre e, se a ambivalência confinua, desaparece. É este, provavelmente, o motivo pelo qual os amigos preferem ver-se de quando em quando, quando têm vontade, em lugar de viverem juntos. Uma convivência contínua cria, inevitavelmente, motivos de dissabor, de ressentimento, pequenas coisas que, no entanto, somando-se, se podem tornar grandes. A convivência tende a consolidar as relações afectivas mas, ao mesmo tempo, divide. Os enamorados escolhem esta estrada e este risco porque tendem à fusão. A amizade, pelo contrário, prefere renunciar à fusão a favor do encontro. O encontro é sempre positivo. A amizade é uma filigrana de encontros, não é ambivalente.»