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A partir de 1933, Portugal e a Alemanha desenvolveram um relacionamento muito próximo que não foi interrompido nem pela distância geográfica, nem pela neutralidade portuguesa durante a II Guerra Mundial. Este foi um período repleto de intercâmbios e de encontros, que beneficiaram do facto de os dois regimes partilharem características ideológicas comuns. A diplomacia nazi em Portugal apostou na cultura enquanto instrumento para difundir a mensagem do Partido Nacional-Socialista e das suas políticas. Berlim deu a conhecer aos Portugueses os seus cientistas, laboratórios e institutos, a sua arte, as suas revistas e até o seu idioma.
Foram anos de uma intensa e visível propaganda, que passou pela visita de centenas de elementos da Juventude Hitleriana a Portugal e da entrada festiva, no estuário do Tejo, de navios da Kraft Durch Freude - a célebre Força pela Alegria. Passou ainda pela organização de excursões ao Reich, conferências, exposições, receções oficiais, intercâmbios juvenis e académicos, que visaram promover a imagem do regime nazi junto das elites portuguesas e, por intermédio delas, influenciar a própria orientação diplomática do governo de Salazar, tentando afastá-lo da Grã-Bretanha.
Este livro fala-nos dos diplomatas e dos jornalistas, dos académicos e dos ministros, das instituições públicas e das organizações do Estado Novo que se deixaram deslumbrar pela imagem poderosa do III Reich. A partir de documentação alemã inédita, revela-nos o papel de instituições nazis portuguesas no relacionamento entre os dois regimes e as tensões que se verificaram entre elas, em especial entre a Legação Alemã e o Grupo Local do Partido Nazi em Lisboa.