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Embora deteste a filmografia do realizador e produtor que contrata os seus serviços, um escritor célebre por retratar nos seus romances a ruína moral dos anos do pós-guerra, aceita relutantemente a encomenda para escrever um guião cinematográfico sobre um caso real da Barcelona dos anos 40. Trata-se de um crime que teve lugar no cinema Delicias, em cuja sala de projeção foi assassinada uma prostituta, estrangulada com uma tira de película de filme enquanto o público assistia à estreia de Gilda. Durante o processo de pesquisa o escritor irá verificar como por vezes, na vida real, os crimes carecem de sentido e os seus protagonistas nem sempre são heróis ou anti-heróis, algo que, na ficção, nem todos parecem dispostos a tolerar.
Neste magnífico romance, Juan Marsé, transmutado num escritor descrente e incapaz de se levar a sério, reflete sobre as armadilhas da memória e os limites da ficção, enquanto ajusta contas com aqueles que manipulam o nosso passado para gerar produtos de simples entretenimento, que pervertem a memória histórica e banalizam a dor e a miséria de toda uma geração