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Cenas Portuguesas é, como o título indica, um conjunto de cenas, isto é, de contos que são cenas vivas, pitorescas, satíricas e outras talvez melancólicas sobre uma certa forma de ser português.
Dez contos onde se passeiam figuras dum país à esquina do planeta: uma Dona Preciosa, emblema duma rua de Lisboa; um tal Sr. Rato, ex-agente da PIDE e taxista nos anos 80; Uma Linda de Guadalupe, moça que nos anos 60 veio cantar para Lisboa e aí se perde; um certo grupo de adolescentes que se descobre vivendo o jogo da vida numa partida de futebol... Cenas Portuguesas, como quem diz, cenas de Lisboa, ou de Braga, de alguém recordando a Calçada do Tojal, rua do mundo, espelho humano. Um escritor que redige um livro para sobreviver a um casamento-naufrágio, ou, noutro conto, um Portugal em 2050 mergulhado numa ditadura, sendo um sapateiro o último detentor de uma biblioteca nesse futuro distópico.
António Carlos Cortez oferece-nos nestes dez contos, numa prosa fluida e viva, ora sarcástica, ora nostálgica, um livro com personagens que todos nós um dia conhecemos. É um Portugal de ontem que é de hoje, com seus provérbios e absurdos, o país político e das almas censuradas por essa vírgula maníaca, a de Alexandre O’Neill, ou um livro que, na melhor herança de Sena e de Cardoso Pires, ou percorrendo o brutalismo dum Ruben Fonseca, revela António Carlos Cortez como um dos prosadores onde a língua portuguesa (poeticamente) volta a falar connosco.