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Jornalista e escritor, Fernando Dacosta, tem por várias vezes escrito sobre Portugal do séc. XX. Este livro atravessa, grosso modo, o século XX português. É uma sequência de narrativas (não por ordem cronológica; há vários avanços e recuos) da nossa história e das memórias de Fernando Dacosta. O livro está organizado em 5 capítulos (o autor chama-lhes "ciclos de vida de Portugal"), correspondentes a 5 estações: A Primavera (o início da República, a revolução de Abril), o Verão (a ditadura do Estado-Novo e a "ditadura das multinacionais esclavagistas") o Estio ( "a afirmação do erotismo e a emergência da liberdade"), o Inverno (os mobilizados de guerra, o excedentarismo) e o Outono (a reinvenção da esperança e a resistência à globalização).
São factos, movimentos, figuras. E dentre estas, não só os políticos, os militares, os artistas, cujo nome, para o bem ou para o mal, ficou na história do país. Também os amigos de Dacosta (alguns deles já desaparecidos e de quem o autor revela saudades), ou figuras com quem se cruzou e conviveu: Agostinho da Silva, Natália Correia, Cardoso Pires, António José Saraiva, Gedeão, Amália, Amélia Rey Colaço, O' Neill, Mário Viegas, Jorge de Sena. Pessoas que exerceram sobre ele grande influência e viriam a marcar o século e também a sua vida. Quase todos eles opositores do salazarismo. Como Dacosta refere: "Parte do melhor que o Estado Novo nos deu foi parte do que melhor se lhe opôs".
" "Ter-se nascido na ditadura (nas censuras, nas repressões), vivido a Revolução (o sonho, a desmesura), contribuído para a Democracia (a liberdade, a diversidade) imergido no neo-liberalismo (o lucro, a excedentarização), foram experiências-limite concedidas às gerações que, agora, começam a sair, mal-amadas, de cena", conclui Fernando Dacosta. Que escreveu este belo livro em memória dessas gerações, com as suas utopias, ousadias e mágoas."
José Gabriel Viegas, Expresso, Cartaz