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Resumindo de forma simplista a ideia que quero deixar, diria que para melhor percebermos a vida e obra do criador do Estado corporativo somos ‘obrigados’ a ler autores com convicções ideológicas diferentes e, até, conflituantes porque os olhares sobre o passado são tão diferentes que parece haver não apenas um António Oliveira Salazar, mas ele e outro. Nem se pode considerar, comparando com trabalhos sobre outras personalidades com leituras poliédricas, como são os casos de Churchill, de Álvaro Cunhal, de Mário Soares, parece que perante o líder do Estado Novo só existem dois sentidos da História. Aquela que é escrita pelos embevecidos e a outra que é escrita pelos inimigos.
Manuel Catarino tem um trabalho invulgar exatamente por se aproximar do seu objeto de estudo sem paixões. Mantém a distância crítica que não o deixa embarcar nos caminhos da admiração ou da repulsa. É um jornalista sereno quem escreve. Linguagem simples, coloquial, discorre sobre a vida do político com serenidade, revelando as suas fragilidades e capacidades. Não o aplaude, não lhe lança anátemas, indiferente a qualquer adjetivação. Deixa que Salazar se revele, que o leitor o avalie, recusando qualquer militância ortodoxa. De certa forma, este livro é uma imensa reportagem escrita sobre Salazar. Uma viagem feita com o olhar de jornalista livre, independente, sem traumas, nem necessidade de convencer quem lê. Apenas abre caminhos e deixa que se abram as janelas para que entre luz a iluminar o passado.
É a singularidade que dá brilho a esta obra. Acessível a qualquer leitor, escorreito, competente.
Li com prazer.
Espero que quem o ler, retire dele a mesma satisfação.” in Prefácio por Francisco Moita Flores