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O mundo respirava de alívio. Saída da grande guerra, ao ritmo de charlestons e foxtrots, a Europa vivia um período de otimismo, esperança, progresso e de alguma excentricidade. E Portugal não queria ficar de fora destes loucos anos 20.
O país vivia uma profunda crise política, com os governos a sucederem-se a um ritmo de semanas ou até mesmo dias, e uma crise social e económica. Portugal estava à beira da bancarrota, com uma população analfabeta, a viver sem condições, sem trabalho e dinheiro para os bens essenciais. Acentuava-se o fosso entre os ricos e os pobres.
Nas ruas de Lisboa, a sociedade mundana desfilava liberdade e elegância: cortes de cabelo à garçonne, os mais recentes modelos vindos de Paris, automóveis cada vez mais velozes. Assistia a corridas de cavalos no hipódromo, praticava desporto, lanchava nas mais conceituadas pastelarias, frequentava cafés e vivia devotada às últimas novidades do lazer e diversão, como o telefone ou a máquina fotográfica, sem esquecer os eletrodomésticos que agilizavam a vida de todos os dias. De noite, frequentava clubes e cabarets requintados, onde a música e a dança se misturavam com o jogo, o fumo e o álcool até ao romper da madrugada.
A investigadora Paula Gomes Magalhães traça neste livro, amplamente ilustrado, o retrato vivo da mais louca e veloz década de que há memória.