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«Nas ruas frenéticas do Rio de Janeiro, onde o asfalto ferve e as favelas pulsam vida e perigo, desenrola-se uma história de sobrevivência, crime e a busca incessante por redenção. Toda Fúria de Tom Farias mergulha-nos no submundo carioca através dos olhos de Caniço, um jovem cuja vida se entrelaça com a violência urbana que permeia cada esquina da indomável Cidade Maravilhosa. Desde os seus dias como surfista ferroviário, desafiando a morte no topo dos vagões da Central do Brasil, até às suas incursões no mundo do crime organizado, o herói improvável deste romance navega por um labirinto de escolhas difíceis e alianças traiçoeiras. Nas ruas, é conhecido como Caniço, mas nos registros das instituições para ressocialização de adolescentes infratores e para sua avó — que o considera dono de um “nome bonito, de gente grande” — é Eduardo Meireles. Através deste protagonista complexo, Tom Farias, com uma prosa crua e visceral, pinta um retrato vívido e implacável de uma sociedade à beira do abismo, onde a linha entre vítima e agressor esbate-se a cada virar de página. Esta saga transcende as fronteiras do Rio de Janeiro, invocando também todo e qualquer lugar onde o preço de uma bala é mais acessível do que o de um livro. Embora Caniço seja apenas um indivíduo, a sua jornada reflete a vida de milhões que habitam as margens da sociedade, na luta pela sobrevivência e na busca de um sentido para a vida. Tal como o nosso surfista urbano, estas pessoas oscilam entre momentos de audácia desenfreada, quando se sentem invencíveis, e instantes de extrema vulnerabilidade, quando se veem à mercê de um ambiente que as pode esmagar a qualquer momento. Com Toda Fúria, Tom Farias desafia-nos a questionar as forças que perpetuam a exclusão e a violência nas nossas sociedades. Para os iniciantes no universo tomfariano: a sua escrita, tanto na ficção como na não-ficção, é marcada pelo compromisso de dar voz a histórias e personagens frequentemente esquecidos pela história oficial. Numa curiosa coincidência — ou talvez num subtil toque de genialidade — as iniciais do autor (TF) espelham-se no título Toda Fúria. Esta simetria sugere uma ligação profunda entre criador e obra, como se a fúria presente nestas páginas fosse um espelho da paixão com que Farias aborda as complexidades da sociedade brasileira. Este jogo de espelhos convida o leitor a estar mais atento. Será Toda Fúria mais do que um título, uma declaração da própria missão literária do autor? Deleitemo-nos, então, com esta leitura que nos desafia, provoca e emociona, lembrando-nos de que, mesmo nos becos mais sombrios, há sempre um resquício de humanidade e luz.»
Kalaf Epalanga