Sê o primeiro a adicionar este livro aos favoritos!
Para escapar ao anonimato de uma vida comum, à solidão da escrita e ao esquecimento dos futuros leitores, o narrador de Uma Mentira Mil Vezes Repetida inventou uma obra monumental, um autor - um judeu húngaro com uma vida aventurosa - e uma miríade de personagens e de histórias que narra entusiasticamente a quem ao pé dele se senta nos transportes públicos. Assim vai desfiando as andanças literárias de Marcos Sacatepequez e o seu singular destino, a desgraça do Homem-Zebra de Polvorosa, o caos postal de Granada, a maldição do marinheiro Albrecht e as memórias do velho Afonso Cão, amigo de Cassiano Consciência, advogado e proprietário do único exemplar conhecido de Cidade Conquistada, a obra-prima de Oscar Schidinski. Enquanto o autocarro se aproxima de Cedofeita, ou pára na rua do Bolhão, quem o escuta viaja do Belize a Budapeste, passando pelas Honduras, por estâncias alpinas, por Toulon ou por Lisboa. Mas se o nosso narrador não encontrou a glória - senão por breves momentos e na mente alheada de quem cumpre uma rotina - talvez tenha encontrado o amor. Ou será ele também inventado?
CRÍTICAS DE IMPRENSA
«Em Uma Mentira Mil Vezes Repetida, nono romance de MJM (e talvez o seu melhor), o que está em causa é um embuste, uma falsificação intelectual. Reformado por invalidez aos 36 anos, devido a uma «agressiva doença de pele provocada pelo implacável stresse do funcionalismo público», o narrador do livro anda às voltas pela cidade do Porto, viajando nos transportes públicos com um calhamaço de 1200 páginas. A qualquer passageiro que demonstre um mínimo de curiosidade, ele explica que Cidade Conquistada é o único e extraordinário romance de Oscar Schidinski, judeu húngaro que passou por Lisboa em fuga da ameaça nazi e dos «seus próprios fantasmas», um autor esquecido mas genial, entretanto transformado numa “das mais obscuras lendas literárias do século XX”. […] O principal mérito de MJM está na forma como consegue manter a sensação de claustrofobia narrativa, sem deixar que o leitor se perca no caos de repetições, incongruências e «solavancos lógicos». Muito bem escrito, o livro oferece-nos pelo menos dois pastiches brilhantes: um de García Márquez (a cidade de Polvorosa, uma espécie de Macondo onde se produz cacau em vez de bananas); outro de Thomas Pynchon (a barafunda postal de Granada). »
José Mário Silva, Expresso, Atual
«Uma Mentira Mil Vezes Repetida recupera essa tradição romanesca, na forma muito pós-moderna da montagem e da colagem labiríntica, através do relato de um homem prematuramente incapacitado para o trabalho que, apesar dessa “deficiência”, decide ser célebre.»
Helena Vasconcelos, Público, Ípsilon