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Uma jovem canadiana, coberta com o obrigatório manto de poliester preto do Islão e na companhia do marido (que na realidade não é seu marido, mas um amigo), parte para uma viagem de vários meses pelo Irão, onde, para lá do legado da revolução, do fundamentalismo religioso e das mulheres veladas, encontra as pessoas comuns.
Lua-de-Mel no Irão é sobretudo um roteiro de pessoas; as descrições de lugares são completamente ultrapassadas pelas descrições de encontros, pelos convites para a casa de cada um - come-se abundantemente e bebe-se imenso chá ao longo de todo o livro -, pela gentileza, a amabilidade e o acolhimento de que ambos são objecto quando os ouvem falar inglês, pela proverbial lentidão da burocracia...
E depois há o orgulho nacional dos Iranianos, os preconceitos relativamente ao Ocidente, simétricos dos nossos relativamente ao Irão, ou o desejo de emigrar de alguns deles, os diversos pontos de vista sobre o regime do Xá e da revolução islâmica, expressos por homens e mulheres, religiosos ou não, nacionais ou estrangeiros a viver no país. A autora preocupa-se menos com o modo de vida das pessoas que encontra do que com os seus sentimentos, estados de espírito e comportamentos.
Ao mesmo tempo, consegue transmitir-nos a estranheza de uma cultura muito diferente da nossa, tanto nos aspetos negativos - a condição das mulheres - quanto nos positivos - a sua generosidade sem limites. O que nos permite, de alguma maneira, espreitar por cima do muro e entrever um pouco daquilo que está para lá das notícias dos jornais e dos preconceitos ocidentais face ao Islamismo.
Escrito com muito humos, ternura e abertura de espírito, Lua-de-Mel no Irão transforma um país que nos habituámos a associar ao medo, à opressão e a multidões de negro num lugar de milhares de cores, sabores e afabilidade.
Lido uma vez.
A primeira página apresentava assinada, que foi oculta com corretor (v. fotografia).