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Vivemos num mundo que excluiu o silêncio. A nossa existência está mergulhada numa bolha de ruído permanente ao ponto de, por vezes, o silêncio se tornar incómodo ou mesmo insuportável, criando a necessidade de o preencher com barulho, sons, palavras. Na sociedade ocidental, o silêncio tornou-se sinónimo de solidão, e a solidão num dos maiores medos do homem moderno. A solidão invoca abandono, tristeza, clausura, isto porque se perdeu o prazer de estar sozinhos connosco próprios, do confronto com o nosso eu mais profundo e íntimo, de nos abandonarmos a nós e ao mundo que nos rodeia. Desde muito cedo a educação faz-se no ruído e mesmo no útero o bebé está já mergulhado num universo sonoro, que tende a ser tanto mais intenso quanto mais ruidosa é a vida da mãe. Curiosamente existe uma relação entre silêncio e equilíbrio, e essa relação estabelece-se logo a nível fisiológico, o órgão que capta o silêncio é também o centro do equilíbrio humano, o aparelho auditivo.