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Relógio D'Água, 2014
«Vejamos: mulher parte; homem fica. Sem a certeza do que se passa nas suas cabeças, que fazer? Vestir de imediato o luto, na esperança de em breve o aliviar? Parece razoável, sou oficialmente velho e reformado, a sageza — em teoria chegada por arrasto… — aconselha política de redução de danos, prevenção de recaídas e amores calmos, que não perturbem os amigos, discos e livros de que falava a Elis.
Estou disponível para isso, por obra e graça de nódoas negras passadas ou epifania burocrática pela mão do BI? Podia invocar o louco de Alcácer Quibir e dizer que lutos sim, mas devagar, até à libertação em manhã de sol e alma escancarados, mas estaria a mentir. Não tenciono espojar-me no luto, erotizá-lo, tornar-lhe a ruminação defesa contra vida plena e ameaças inerentes. Se tiver de o navegar, aceito vento da época e manejo os remos sem pestanejar, por exaustos que estejam os braços. A cabeça pena, o corpo grita, não o aprendi em livros de texto.»
Da Introdução
Conforme as fotografias, os interiores e exteriores encontram-se em excelente estado, sem sinais de envelhecimento ou uso, excepto assinatura de posse.