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Tudo isso seria o Pedro a imaginar, eu a imaginar por ele.
Pois haverá outra forma de nos aproximarmos da realidade que não seja fazendo suposições. Ou então vivendo-a, aí não se tratará de nos aproximarmos dela mas de a perdermos momento a momento, facto a facto, e um facto é já uma suposição sobre o passado.
Digo: o presente não existe, supomo-lo; com o passado acertamos contas pelo correr do tempo, tanto mais difíceis quanto o tempo que passou, tapeçaria desfiando-se em milhões de fibras, o restaurador correndo atrás de uma cor cuja fórmula se perdeu para sempre.
No entanto é o passado que revive e fornece as lições e as desculpas que dele se pretende extrair.
Por isso tantas faces apresenta, tantas suposições consente. O futuro é apenas o projecto que não resiste ao seu devir, metido a ridículo ao comparar-se com a realidade em que se torna antes de por sua vez se esvair no tempo.