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. Lisboa, Setembro de 2003
. Com índice remissivo
. Revisão tipográfica de Carlos Silva
. Capa de Rogério Petinga sobre fotografia de 1854, Royal Collections
. Da colecção Documento
. ISBN: 9727920535
. 363 páginas
. Valor inclui portes em correio registado
"Este misto de excitação e medo era uma reacção bastante comum em descrições sobre o comboio, no século XIX. O mesmo objecto que constituía uma prova do controlo da indústria sobre limites naturais podia também desorientar os seres humanos que servia.
Ao separar o passageiro do ambiente que o envolvia, a máquina era frequentemente colocada em oposição à experiência de viajar num coche ou numa carruagem puxada por cavalos. O cavalo, enquanto ser vivo, servia de intermediário «natural» entre os viajantes e o espaço percorrido e proporcionava aquilo que se poderia considerar uma relação romântica entre os passageiros e a paisagem. O ritmo da carruagem não estava assim tão longe da velocidade humana e era sempre um ser humano que controlava a força motriz do cavalo. Em contraste, o comboio enquanto máquina não só dissociava o passageiro do mundo exterior, como também do próprio agente de mobilidade. Dentro do seu compartimento, o viajante estava muito longe das formas de locomoção e do maquinista que as comandava. A sensação de não controlar o movimento, a velocidade e a força do comboio podia provocar reacções de desconforto. Mesmo D. Pedro, que nunca põe em causa as qualidades positivas do novo meio de transporte, refere-se aos ligeiros distúrbios físicos e emocionais que ele lhe provoca."