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Boneca, uma mulher em fim de destino, resiste às mudanças que um tempo histórico, alheio ao seu ser profundo, lhe vai impondo.
É através desta personagem vinda de um tempo colonial, em seu lento e inexorável envelhecimento, que Arnaldo Santos nos dá em filigrana as alterações de uma camada social angolana, que desliza, sem alarde nem resistência, para o aniquilamento.
Regressando a valores e práticas profundamente instalados na sua mentalidade, mas que estavam submersos à data da independência do país, Boneca vai transformá-los na última referência possível face a uma modernidade alheia que diariamente lhe é imposta.
Deste modo, é um tempo e um colectivo que se revelam ao leitor atento, nas páginas deste romance magnífico, de uma das vozes mais reflectidas da realidade literária angolana.