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A escassa correspondência conhecida de Isidore Ducasse (apenas sete cartas) é uma curiosa série de escritos, com os quais se podem desfazer alguns equívocos sobre essa figura misteriosa sobre a quem quase nada se sabe. De facto, a leitura destas cartas afastam de vez a convicção de que o Conde de Lautréamont se não importava com a aceitação - mormente com a rentabilização e sucesso - da sua obra. Ao contrário da imagem que primeiramente somos levados a criar do autor - que pode ser bem exemplificada através da opinião conhecida do excelente Ruben Darío: «El no pensó jamás en la gloria literaria. No escribió sino para sí mismo. Nació con la suprema llama genial, y esa misma le consumió.» - Lautréamont, mais do que ter pensado em estratégias de divulgação, dedicou bom tempo à promoção clara dos seus escritos, enviando preocupadamente, por exemplo, a primeira edição do «Canto Primeiro» a uma vintena de críticos. A sua obra é a única certeza absoluta que existe de Isidore Lucien Ducasse, assinada com o pseudónimo Conde de Lautréamont. É, contudo, dominante o entendimento que dá este autor como tendo nascido em 1846, em Montevideo, e morrido em 1870, na cidade de Paris. Terá sido enviado pelo pai para estudar em França, tendo sido aluno interno do liceu imperial de Tarbes (terra de nascimento de seu pai, François Ducasse). Entre 1963 e 1965 estuda retórica no liceu de Pau e 1867 muda-se para Paris para ingressar na École Polytechnique. O Canto Primeiro, da sua obra fundamental, «Os Cantos de Maldoror», é publicado em 1868, só no ano seguinte se publica a obra completa, e em 1870 saem os dois volumes de «Poésies». Desde então, Lautréamont é como um príncipe negro das letras universais, uma espécie de monstro que fascina e persiste horrorizando. Um autor absolutamente incontornável.