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«Se pudéssemos aproximar-nos com circunspecção de uma casa do passado, se pudéssemos abrir a porta sem sermos vistos por ninguém e se pudéssemos dar uma vista de olhos ou mesmo aventurar-nos no interior e observar a própria casa, a sua decoração, o conteúdo das panelas em cima do lume ou as provisões, as actividades dos seus habitantes...Se pudéssemos fazer tudo isto, o que veríamos?»
A partir destas perguntas tem início uma longa viagem pela Europa do passado. Recorrendo à multidão andrajosa dos sem-abrigo que viviam de mil expedientes ou aos nobres ricos de villas e palácios, analisa-se neste livro o que queria dizer ter uma morada ou ser destituído da mesma, o que significava pôr casa, e que relações havia entre casa e família.
Depois, a curiosidade leva-nos além da entrada das habitações, permitindo descobrir quem preparava a comida e o que se comia, como se transformou a dieta e como se estava à mesa, quando começaram a difundir-se mesas e cadeiras e quantas pessoas dormiam numa cama, como se resguardavam do frio e se embelezavam.
Desta nossa sociedade de consumo volta-se atrás, a indagar os seus alvores, reflectindo sobre o papel que os bens e as coisas desempenham nas relações humanas.