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«Em Oliver Twist, Hard Times, Bleak House e Little Dorrit, Dickens atacou as instituições inglesas com uma ferocidade que desde então nunca mais voltou a ser igualada. Ainda assim, foi capaz de fazê-lo sem se tornar alvo de ódio, e, mais importante ainda, as próprias pessoas que atacou assimilaram-no tão completamente que ele próprio acabou por se tornar uma instituição nacional. […]
A ação principal das histórias de Dickens ocorre quase invariavelmente em ambientes de classe média. Se analisarmos ao pormenor os seus romances, percebemos que o seu verdadeiro tema é a burguesia comercial londrina e todos os seus sequazes — advogados, escrivães, negociantes, estalajadeiros, pequenos fabricantes e criados. […]
A verdade é que a crítica que Dickens faz à sociedade é quase exclusivamente de ordem moral. Daí a total ausência de propostas construtivas na sua obra. Ele ataca a lei, o governo parlamentar, o sistema educativo e por aí adiante, tudo isto sem avançar alternativas claras para os mesmos. Claro que não cabe necessariamente ao romancista ou ao satirista fazer sugestões construtivas, mas a questão é que, no fundo, a postura de Dickens não chega sequer a ser destrutiva.»