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A "Comédia de Equívocos" foi, muito provavelmente, a primeira comédia escrita por Shakespeare. Tendo sido inicialmente desprestigiada como mera farsa de aprendizagem, a sua verdadeira complexidade e os seus múltiplos sentidos e mensagens têm vindo crescentemente a ser estudados e apreciados por quantos se dedicam à sua análise.
Como viria a ser seu hábito, Shakespeare não utilizou apenas uma fonte como ponto de partida para arquitectar o seu enredo. A ideia mestra veio-lhe da comédia de Plauto "Os Dois Menecmos", mas valeu-se igualmente de outras leituras, como o "Anfitrião", também de Plauto, a história de Apolónio de Tiro aproveitada por John Gower em "Confessio Amantis", assim como numerosas passagens bíblicas, sobretudo dos "Actos dos Apóstolos" e das "Epístolas de S. Paulo". A obra final, porém, é verdadeiramente shakespeariana, imbuída de ideias e questionações profundas, tais como o problema da identidade, a condição do homem no mundo, a situação da mulher na sociedade isabelina e, até, ou como mais importante, a precariedade da vida e dos favores da fortuna.
Com dedicatória.