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D. Afonso V nasceu na vila de Sintra, em 1432, tornando-se, aos seis anos de idade, o décimo segundo rei de Portugal. Terceiro ente geracional da dinastia de Avis, Afonso V será recordado pelo cognome "O Africano", nele se memorizando o seu belicoso emprenho magrebino que o conduziu à conquista de Alcácer Caguer (1458) e, depois, de Arzila e Tânger (1471), momentos marcantes do seu cestino em que se fundiu o do Portugal inteiro. O seu reinado foi inaugurado pela dissensão política que culminará, depois de alguns anos de regência por D. Pedro, o das Sete Partidas, na calamitosa Batalha de Alfarrobeira (1449), vindo a esfumar-se nos campos de Toro (1476), selo do insucesso do projecto iberista quatrocentista português, cuja única virtude se revela em ter aberto as portas ao protagonismo político internacional do sucessor, mensurável pelo Tratado de Alcácovas de 1479. Rei bibliófilo, melómano, viajante incansável e amante das artes, D. Afonso V encontrou na cultura humanística de Quatrocentos um palco privilegiado de realização, implementando um novo Estudo Geral em Coimbra, concendendo numerosas bolsas para estudos superiores, apoiando a encomenda artística dentro e além-fronteiras e fomentando a entrada do livro impresso no país. Foi no seu reinado que se deu um avanço maior nos Descobrimentos portugueses ao ultrapassar-se, cerca de 1472, o meridiano equatorial, assim se cruzando a fronteira definitiva dos velhos saberes livrescos e ptolomaicos para uma nova concepção do mundo com a qual, definitivamente, se desnuda o Portugal moderno.