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Nascido em Viseu, em 1391, e falecido em Tomar, em 1438, passou sobretudo à história como corresponsável pelo desastre de Tânger e pelo cativeiro e morte do seu irmão D. Fernando. O cognome de Eloquente ganhou-o talvez por ter escrito o Leal Conselheiro, uma obra que hoje quase ninguém conhece. Não teve, nem de longe, uma reputação semelhante à dos seus irmãos D. Henrique e D. Pedro.
Apesar de ter tido um reinado muito breve, cinco escassos anos, entre dois de quase meio século (o do pai, D. João I, e o do filho, D. Afonso V), ele colaborou ativamente no governo do reino desde a preparação da tomada de Ceuta (1415) até à morte do pai, em 1433. Por isso se falou dele como «um infante que nunca mais chegava a rei».
Talvez prejudicado pelo excesso de protagonismo dos vários irmãos, obcecado pelo sentido do dever e pelo comportamento virtuoso, sofreu uma depressão que, em páginas raras, nos descreve na primeira pessoa. Oliveira Martins traça dele uma imagem fortemente negativa: seria o exemplo do homem bom que só por equívoco chegou ao trono.
A realidade é bem mais complexa e interessante. Caçador, lutador, soldado quando foi preciso, escreveu duas obras e aplicou-se para além das suas forças no governo do reino.
Morreu de peste, aos 47 anos, atormentado com o dilema entre a devolução de Ceuta aos muçulmanos e a libertação de D. Fernando, preso em Fez. Deixou um reino dividido entre o partido da rainha viúva e o do infante D. Pedro, seu irmão.