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A existência de D. Maria principiou no fausto pação e devoto de seu avô, D. João V, atravessou o período das grandes reformas e crueldades de Pombal, que criticou, viveu num clima familiar de afecto e cultura com os pais e as irmãs. Quando subiu ao trono, há muito casara com seu tio D. Pedro. Amava a paz entre as nações, a instrução, a ciência, os mais desfavorecidos e repudiava os castigos extremos. A sociedade do tempo começa a fruir de uma atmosfera de debate crítico que a repressão policial e a Inquisição decadente de forma alguma controlam. A rainha suporta tal ambiência com um espírito de justiça e com uma genuína catolicidade que ao castigo prefere a reeducação, quando do exterior sopram já fortes ventos de Revolução. O repúdio desta, somado aos desgostos de família e sobretudo à questão dos bens dos fidalgos absolvidos da conspiração contra D. José I, estariam na origem da loucura que a afastou do poder em 1792.