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Nenhum rei, na história portuguesa dos primeiros séculos, deixou de si mesmo tão escassos sinais como Sancho II. Morto em Toledo, no Inverno de 1248, sem filhos, legítimos ou bastardos, caso único na dinastia borgonhesa, é um irmão, Afonso, conde de Bolonha, que lhe sucede, facto que poderá não ser alheio à erosão da sua memória. Apertado no complicado xadrez político em que se jogam as aspirações de Afonso IX de Leão, a crescente hegemonia castelhana e os planos do papado, Sancho herda todos os problemas que o pai, D. Afonso II, deixara em aberto, mas nenhuma da sua reconhecida habilidade para, ileso, neles se movimentar. Durante anos, a relativa consistência de um reduzido grupo de personagens junto de si, em que toma relevo a brilhante figura de Mestre Vicente, irá redimi-lo de tudo, inclusive da ineficácia militar. Porém, em breve se adensam os indícios de uma anarquia que consumirá a sua autoridade e causará a sua deposição.