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Se, segundo Voltaire, a intolerância foi a doença do catolicismo, se o nazismo foi a doença da Alemanha que Thomas Mann auscultou, o integrismo é, como o demonstra este livro, a doença do Islão. Na tradição — Alcorão e tradição profética —, o acesso à palavra estava salvaguardado: era necessário obedecer a condições específicas para a interpretar e a fazer falar. Mas o acesso selvagem a esta palavra não pôde ser impedido, e por várias vezes a história viu-se obrigada a registar as catástrofes que o mesmo provocou. Em consequência dos efeitos da demografia e da democracia, os semiletrados proliferaram, e os candidatos que se permitem tocar na palavra tornaram-se infinitamente mais numerosos: e o número reforça o seu fanatismo. Para entender a génese desta doença, é necessário recuar na história, à Medina do Profeta (século VII), à cidade de Bagdade do tempo dos abássidas (século IX), à Damasco do século XIV, depois do final das cruzadas e do enfraquecimento da vaga mongol, à Arábia do século XVIII, a par da fundação do wahhabismo… Este livro convida-nos a empreender esta viagem, para entender as razões internas da doença do Islão, mas igualmente as causas externas que a exacerbam. Abdelwahab Meddeb, escritor e poeta, nascido em Tunes, vive em Paris. Director da revista internacional Dédale, ensina Literatura Comparada na Universidade de Paris X Nanterre. É autor de uma dezena de obras e de numerosos artigos publicados na Esprit, Communication, Dédale… Coordena a emissão «Cultures d’islam», na France Culture.
Sinais de uso na capa e ligeiro defeito na segunda página.