Há Vozes na Ilha

Uma mulher, três vozes, três escritas num só livro, ou melhor, numa obra que vai nascendo ao sabor dos sinais, das letras, dos significados. Um acrobático mas calculado exercício de desmultiplicação do eu, sem asfixia ou fronteira. «Há Vozes na Ilha» surge como uma autêntica assunção das diferentes fases da escrita antes, durante e depois do significante, tão vazio e absolutamente finito. Mas à amarga inevitabilidade da palavra opõe-se a doce embriaguez da metáfora. Entre elas permanece o corpo que tenta ver para além do espelho e que num derradeiro rasgo de lucidez se liberta através da liberdade das suas próprias silhuetas refletidas. Após uma estreia, em 1985, no âmbito da lieratura infantil, alvo do ´Prémio Revelação Fundação Calouste Gulbenkain´, Inês de Barros Baptista impressiona agora com uma surpreendente engenharia formal.