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No ano de 356 antes de Cristo, foi reduzido a escombros o orgulho da cidade de Éfeso, o Templo de Artemisa, por Heróstrato, que deitou fogo ao edifício pensando que a sua destruição seria a única oportunidade de alcançar a fama imortal. Confrontados com tal acto os cidadãos de Éfeso promulgaram um decreto determinando a pena de morte para quem mencionasse o nome de Heróstrato na cidade, numa tentativa vã de que este fosse esquecido. Como refere Richard Zenith, o intuito de Fernando Pessoa neste livro, "era estudar a imortalidade - entendida como celebridade póstuma, sobrevivência na história - nas suas várias causas e manifestações: génio, notoriedade, produção artística, actuação política, fama dos indivíduos, fama das nações, tirania, santidade, poder militar, poder mental, grandes conquistas, grandes escândalos". Contudo, contrariando os seus propósitos, acabará por se centrar no problema da sobrevivência das obras literárias, concluindo que é impossível saber quem ficará para a história (sendo que o ideal, como afirma Pessoa, "seria uma epopeia que resistisse como Milton e interessasse como Conan Doyle").