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O livro de Pierre Salmon estabelece as condições segundo as quais a história pode constituir uma categoria da objectividade científica. No entanto é essencial não confundir essa forma de objectividade, que tem as suas leis próprias… e também as suas ciladas de subjectividade e de técnica operacional, com a objectividade que o passado teve na sua realidade existencial. A objectividade da história é necessária e profundamente diferente da objectividade do passado, quanto mais não fosse por a história ser sempre parcial. Além do mais, há a intervenção sempre importante do presente na objectividade histórica, ao passo que na objectividade do passado esse presente apenas pôde intervir, em graus diversos, como «futuro»> e, portanto, segundo a imagem cultural que os homens do passado podiam formar dum futuro mais ou menos longínquo. Não é só o público comum que, por ignorância, identifica objectividade histórica com objectividade do passado. Os sistemas de valores das sociedades implicam a crença nessa identidade… e o seu ensino. Eles pesam com toda a sua importância a favor da influência do presente sobre a história. As necessidades da coesão social requerem a coerência do passado que se representa e do presente; exigem o alinhamento dessa coerência numa certa perspectiva conformista do presente, ao passo que deveria evidentemente ter prioridade a coerência com os «restos» do passado…