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Antonio Escohotado Epinosa (Madrid, 1941) exerce funções de professor de filosofia e metodologia da ciência na Universidade Nacional de Ensino à Distância, em Espanha, sendo amplamente reconhecido enquanto investigador, cuja área de estudo recai com especial incidência nos chamados «paraísos artificiais». Tal como H. E. Jacob escreveu a história da fome e do desejo humanos através do pão, também Escohotado narra no presente volume – uma espécie de resumo da sua Historia general de las drogas, o maior tratado sobre o tema – o percurso da humanidade a partir das drogas, naturais ou sintéticas. Escohotado possui a virtude da aurora: ilumina recantos escuros onde um punhado de ditadores ambiciona manter subjugada a maior parte de nós, crentes nas imagens emitidas por um qualquer Grande Irmão e pouco dispostos a esguardar conjunturas e circunstâncias (diria Ortega y Gasset). Para além das inevitáveis polémicas em torno deste professor – seja porque o proibicionismo político-social e os seus perigos assim o ditam, ou pela insistência no próprio gesto provocatório, tantas vezes credo da vaidade –, há que ressalvar tal virtude, especialmente quando a noite nos fecha as «portas da percepção». Escohotado afronta o medo, percorrendo-o desde a mais remota aplicação das drogas até à sociedade do consumo e do espectáculo, que exige um cada vez maior número de substâncias criadas em laboratório, alimentando a teoria dos sucedâneos avançada ainda no século XIX por William Morris. E vários são os nomes citados, incluindo alguns grandes da constelação canónica, como Coleridge, Baudelaire, Rimbaud ou Aldous Huxley, todos na tentativa de injuriar terrores ou esporear talentos misturando arte e droga. C.S.P.