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Tendo como ponto de partida uma perspectiva relacional e dinâmica, foi no quadro da interacção entre o Nós e os Outros que se pretendeu conhecer as representações dos imigrantes russos e ucranianos residentes na Área Metropolitana de Lisboa sobre domínios, práticas e situações percepcionados como discriminatórios no contexto das relações entre estes grupos e a sociedade portuguesa.
Para os imigrantes, é principalmente no mercado de trabalho que as experiências discriminatórias parecem ser mais frequentes e mais facilmente verbalizáveis. A análise realizada permitiu ainda evidenciar a conjugação de processos de construção e de reconstrução de pertença e de diferença na definição do Nós e dos Outros. Os imigrantes autorepresentam- se como culturalmente diferentes face à sociedade maioritária, evidenciando alguns valores (em torno do trabalho, por exemplo) e práticas culturais a nível da interacção. Ambos os grupos se apercebem dos preconceitos de que são alvo, manifestando também as suas préconcepções face à maioria. Foi assim possível apreender a combinação de vários atributos na valorização do Nós, bem como os atributos e os estereótipos hetero-atribuídos pelos Outros, elementos-chave para compreender os níveis de distanciamento e de proximidade entre os grupos em análise e a sociedade maioritária.