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Desprovido daquilo que o vitaliza, isto é, da encenação, o texto dramático "Jacob e o Anjo" de José Régio ("mistério em três actos, um prólogo e um epílogo") vai-se desenrolando no plano literário como uma sucessão dialéctica de fragmentos de um discurso poético global. Daí que o leitor se sinta inclinado a uma aproximação lírica da obra, atitude que é, aliás, estimulada pelas próprias didascálias, onde não se fornecem "quaisquer indicações precisas sobre lugar ou época" (2º Acto). A música, associada aos planos de luz que sublinham os contrastes noite/claridade, Jacob/Anjo e Rei/Bobo, entre outros, assume um papel de grande relevância para a interpretação desta obra hermética de Régio numa ligação intertextual com a sua restante obra poética.