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Este volume pretende dar a conhecer as dinâmicas da recepção social em Portugal das tecnologias de gravação e reprodução sonora, surgidas no final do século XIX. Nos primeiros anos do século XX as «machinas fallantes» (a designação comum de qualquer aparelho de reprodução de som gravado) espalharam-se tímida mas eficazmente pelos estabelecimentos comerciais das principais cidades do país. Contudo, pouco se sabia sobre a sua existência e convivência com a sociedade portuguesa. Desde os anos embrionários de introdução das tecnologias no país até à formalização de uma indústria local com a capacidade de produção de discos nos anos 50, a música gravada foi simbolizada de modos distintos. Se no início do século constitui uma mercadoria subalterna e marginal aos consumos das classes dominantes, na passagem para os anos 30 conheceu um período de ampla aceitação social, rodeando-se de uma aura de distinção e luxo. Compreendendo um período alargado de mais de 50 anos, a reflexão que se apresenta procurou revelar como estas dinâmicas de relação social com as mercadorias fonográficas desde a sua introdução até meados do século XX, descrevem uma transformação de mentalidades e concepções do mundo particular ao contexto português.