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Neste livro, o historiador belga Henri Pirenne analisa a formação da Europa Ocidental de modo inovador, na medida em que coloca em cena a possibilidade de novas perspectivas históricas sobre a vida, as transformações e o desaparecimento de grandes civilizações. Pirenne faz um contraponto necessário à reflexão sobre as crises e possibilidades que a ideia de civilização e barbárie assumiu ao longo da história ocidental.
Na primeira parte da obra, Pirenne relativiza a oposição intransponível entre civilização e barbárie ao desconstruir a ideia vigente de uma ruptura violenta entre a civilização romana e uma Europa barbarizada. Em sua pesquisa, enumera sinais que evidenciam que os reinos bárbaros do século V ao VII não acabaram com o Império Romano, mas continuaram com a civilização mediterrânica no Ocidente por uma evidente “vontade de romanização”.
A segunda parte do livro trata das consequências do fechamento do Mediterrâneo para uma nova possibilidade de formação social que inaugura o que ele identifica como Idade Média, que, para ele, foi marcada pela estagnação das cidades e pela redução do consumo a um âmbito local.
Na narrativa civilizacional de Pirenne, a Idade Média europeia representa uma nova forma de organização política, social e econômica diferente dos antigos impérios (Roma, Bizâncio e Arábia). Uma Europa animada por vários centros urbanos que trocavam entre si e compartilhavam um mesmo horizonte cultural. Do mesmo modo que ele não faz coincidir o fim da Antiguidade com a queda de Roma, ele não identifica o fim da Idade Média com a tomada de Constantinopla, e sim com o século XII, com a revolução comercial e a expansão das cidades. Nesse sentido, Pirenne apostava na possibilidade desafiadora da unidade na diversidade e vice-versa.