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O romance histórico português oitocentista, de caráter didático e pretensamente fidedigno, foi desafiado pela dificuldade de representar fielmente os costumes e as mentalidades do passado. Cedo os autores se aperceberam da inevitabilidade do anacronismo e se, em termos de reconstituição arqueológica do ambiente, o conseguiram afastar, reforçando, assim, a intenção de complementar a História oficial, ao nível da representação da psicologia das personagens acabaram por falhar completamente. Por isso, os heróis do passado sentem e pensam como os típicos heróis românticos. Podemos, então, observar um "anacronismo cultural e psicológico" que afeta a representação de personagens referenciais e fictícias, a sua integração no universo diegético e a repercussão dos acontecimentos públicos na sua vida privada.