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Durante dois séculos, o culto da sociedade submeteu os actores sociais às leis da Razão, da História e do Poder. Não será tempo de questionar a nossa representação da vida social, de substituir uma concepção centralizada nas noções de evolução, de instituição e de participação por uma valorização das ideias de autoprodução, de movimento social e de sujeito?
Esta alteração de pensamento corresponde, hoje, à passagem da sociedade industrial, organizada como uma empresa ou como um exército empenhado fundamentalmente no domínio da natureza, para um novo tipo de organização social capaz de agir mais directamente sobre os comportamentos e as relações sociais, nomeadamente por meio da produção de informações, de linguagens e de imagens.
A vida social jã não pode ser compreendida como a manifestação de uam essência - ou de exigências funcionais -, mas como constante invenção através dos conflitos e das negociações, das regras da vida colectiva. Esta obra deveria, talvez, segundo o autor, chamar-se «o regresso do indivíduo», porque o indivíduo é o nome do actor quando se situa ao nível da historicidade, da produção das grandes orientações normativas da vida social. Contudo a preferência pelo termo de «actor» foi porque aquele regresso se opera a todos os níveis da vida social. Porém, o essencial é, de facto, a necessidade de definir novamente o indivíduo, agora menos pela sua capacidade de dominar e de transformar o mundo, que pela distância que ele toma em relação a essa mesma capacidade, aos aparelhos e aos discursos que a desenvolvem. O indivíduo apreende-se, para lá das suas obras e contra elas, como o seu silêncio, como a estranheza ao mundo dito social e, também, como desejo de encontro com o outro, reconhecido como indivíduo. Um livro fascinante e actual, num mundo de crises, onde é urgente reconhecer a necessidade de uma renovação do pensamento social.